Estamos postando esse artigo pois muitos jovens tem essa dúvida e acabam nos perguntando, sabemos que é um assunto mais para casais, mas também sabemos que ele será muito útil.
Uma pergunta que sempre é feita por ocasião dos encontros de casais e cursos para noivos da Igreja Adventista do Sétimo Dia é a seguinte: “Relação sexual, durante as horas do Sábado, é pecado?” As respostas se dividem: Alguns respondem sim; outros não.
Vários fatores levam uma pessoa a posicionar-se diante do assunto: Sua formação cultural, religiosa, familiar e concepções pessoais sobre o Sábado, sexo e casamento.
Conhecendo a Situação
É importante lembrar que a teologia do período pós-apostólico foi influenciada por correntes filosóficas como o Gnosticismo, que com seu dualismo entre matéria, essencialmente má, e espírito, essencialmente bom, gerou dois tipos de comportamentos:
Liberalismo – Doutrina que se baseia na liberdade inconsequente para desfrutar os prazeres da carne. Seus praticantes entregavam-se ao vicio e à imoralidade. Este comportamento liberal é completamente desaprovado pela ética cristã como se observa em toda a Bíblia.
Ascetismo – Doutrina moral que se baseia no desprezo do corpo e das sensações físicas de prazer. Seus praticantes chegavam a proibir o casamento e possuíam conceitos negativos sobre o sexo. Por sua vez, em sua época Paulo condenou uma heresia que proibia o casamento (1Tm 4:3).
Interessante atentar para o fato de que muitos dos chamados Pais da Igreja defendiam o celibato. Dentre eles: São Jerônimo, Tertuliano, Santo Agostinho. E ao que tudo indica, Santo Agostinho foi o que mais influenciou o pensamento católico. Ele cria que o celibato é superior ao casamento; e que sexo no casamento somente para procriação. E, ele foi além. Se o casamento é sacramento, então o sexo é pecado venial. Segundo o Novo Dicionário Aurélio, o pecado venial é aquele “que enfraquece a graça sem a destruir”. Diríamos que seria um pecado que Deus consentiria.
O ponto de vista de Agostinho em relação ao sexo tornou-se dominante na Igreja Medieval, e foi aceito por São Tomás no século XIII. Dessa forma, tornou-se a palavra autorizada para o catolicismo posterior, como testemunharam o Concílio de Trento e os pronunciamentos dos papas mais recentes. (E. C. Gardner, Fé Bíblica e Ética Social p. 257 e 258). Por outro lado existe o pensamento hedonista de que o sexo deve ser praticado apenas para o prazer.
Esses pensamentos equivocados geraram visões distorcidas do sexo, que não correspondem à Bíblia.
O Sexo na Bíblia
Na Bíblia, o sexo é apresentado como algo bom, dádiva do Criador para o casamento com propósitos de procriação e prazer (Gn 1:27,28; Pv 5:18-19; Mt 19:16). No entanto, há algo mais nas Escrituras que merece ser estudado.
O símbolo de uma experiência maior
Em Ef 5:23 a 32, Paulo estabelece um paralelo entre o casamento humano e a união de Cristo com Sua igreja. Este simbolismo tem suas raízes no Antigo Testamento. Esta analogia evidencia por implicação que o sexo dentro do casamento não é pecado.
A relação sexual praticada por um casal que se ama é plena de significado bíblico. É o clímax de uma união física, mental e espiritual abençoada pelo Criador. Pois, este ato torna os dois “uma só carne”. Não há dicotomia entre o corpo e a alma. Não há separação entre tal unidade e santidade. Por isso, o apóstolo Paulo disse: “O matrimônio seja honrado por todos, e o leito conjugal, sem mancha…” – Hb 13:4. A palavra para “leito” aqui usada é “koite”, que significa “coabitar”. Portanto, sexo no casamento é considerado santo e a expressão maior de uma união conjugal. Se crermos assim e o considerarmos bom e santo, provavelmente, não haverá problemas em nos relacionar dessa forma no sábado.
Além disso, no pensamento hebraico o Sábado devia ser usado como um tempo para os cônjuges renovarem seus votos de fidelidade e íntima comunhão. O Dr. Samuele Bacchiochi em seu livro Divine Rest For Human Restlessness, p. 294 menciona uma prática judaica que nos ajuda a entender esta concepção: “Samuel M. Segal explica que ‘segundo a lei judaica, todo homem deveria ter relações maritais pelo menos uma vez por semana, preferivelmente na sexta-feira à noite. Desde que o Cântico dos Cânticos fala do amor entre homem e mulher, o homem precisa lê-lo ao entrar no Sábado para criar uma atmosfera de amor e afeição. E por essa razão, também, na sexta-feira à noite, durante a refeição, o homem recita o último capitulo de Provérbios no qual se enaltece a mulher virtuosa’ (The Sabbath Book, 1942 p. 17)”.
Conclusão
Não pretendemos dogmatizar, mas apresentar um ponto de vista com respaldo teológico e bíblico. Todavia, existem outros pontos de vista que devem ser respeitados. Vale lembrar que a Bíblia não é normativa quanto a esta questão. Ela apenas nos fornece elementos necessários para dizermos que a relação sexual no casamento, conforme Hb 13:4, não é pecado. E, que este ato não é somente fisiológico-hedonista, nem somente para procriação. Mas um procedimento que envolve três aspectos distintos, mas inseparáveis: físico, mental e espiritual; é uma unidade. Com base nisso pode-se fazer uma ligação entre o sábado e a manifestação maior do amor conjugal. Contudo, é importante ressaltar que algumas pessoas não se sentem à vontade para praticar este ato durante as horas sabáticas. Elas devem ser respeitadas. Afinal a semana tem outros seis dias. O que não se pode é declarar que sexo no sábado é pecado baseado em conceitos pessoais.
Bibliografia
1) Bachiocchi, Samuele. Divine Rest for Human Restlessnes,Edição do autor – Berrien Springs. Michigan 49-103, USA
2) Gardner, E. C.. Fé Bíblica e Ética Social – Juerp, RJ
3) Lahye, Tim e Berverly. O Ato Conjugal, Editora Betânia, Venda Nova – MG
4) Lawe, Frank e Stephan Olford – A Santidade do Sexo, Editora Fiel, São Paulo, SP
5) Francis Nichol, Ed, The Seventh-Day Adventist Bible Comentary, Vols. I e VIII
6) Charles Wittschiebe, God Invented Sex, Review and Herald Publishing Association, Nashville, Tennessee.
7) Kubo, Sakae. Theology Ethics of Sex, Review and Herald Publishing Association, Nashville, Tennessee – Washington – DC
Autor: Pr. Moisés Mattos
Vários fatores levam uma pessoa a posicionar-se diante do assunto: Sua formação cultural, religiosa, familiar e concepções pessoais sobre o Sábado, sexo e casamento.
Conhecendo a Situação
É importante lembrar que a teologia do período pós-apostólico foi influenciada por correntes filosóficas como o Gnosticismo, que com seu dualismo entre matéria, essencialmente má, e espírito, essencialmente bom, gerou dois tipos de comportamentos:
Liberalismo – Doutrina que se baseia na liberdade inconsequente para desfrutar os prazeres da carne. Seus praticantes entregavam-se ao vicio e à imoralidade. Este comportamento liberal é completamente desaprovado pela ética cristã como se observa em toda a Bíblia.
Ascetismo – Doutrina moral que se baseia no desprezo do corpo e das sensações físicas de prazer. Seus praticantes chegavam a proibir o casamento e possuíam conceitos negativos sobre o sexo. Por sua vez, em sua época Paulo condenou uma heresia que proibia o casamento (1Tm 4:3).
Interessante atentar para o fato de que muitos dos chamados Pais da Igreja defendiam o celibato. Dentre eles: São Jerônimo, Tertuliano, Santo Agostinho. E ao que tudo indica, Santo Agostinho foi o que mais influenciou o pensamento católico. Ele cria que o celibato é superior ao casamento; e que sexo no casamento somente para procriação. E, ele foi além. Se o casamento é sacramento, então o sexo é pecado venial. Segundo o Novo Dicionário Aurélio, o pecado venial é aquele “que enfraquece a graça sem a destruir”. Diríamos que seria um pecado que Deus consentiria.
O ponto de vista de Agostinho em relação ao sexo tornou-se dominante na Igreja Medieval, e foi aceito por São Tomás no século XIII. Dessa forma, tornou-se a palavra autorizada para o catolicismo posterior, como testemunharam o Concílio de Trento e os pronunciamentos dos papas mais recentes. (E. C. Gardner, Fé Bíblica e Ética Social p. 257 e 258). Por outro lado existe o pensamento hedonista de que o sexo deve ser praticado apenas para o prazer.
Esses pensamentos equivocados geraram visões distorcidas do sexo, que não correspondem à Bíblia.
O Sexo na Bíblia
Na Bíblia, o sexo é apresentado como algo bom, dádiva do Criador para o casamento com propósitos de procriação e prazer (Gn 1:27,28; Pv 5:18-19; Mt 19:16). No entanto, há algo mais nas Escrituras que merece ser estudado.
O símbolo de uma experiência maior
Em Ef 5:23 a 32, Paulo estabelece um paralelo entre o casamento humano e a união de Cristo com Sua igreja. Este simbolismo tem suas raízes no Antigo Testamento. Esta analogia evidencia por implicação que o sexo dentro do casamento não é pecado.
A relação sexual praticada por um casal que se ama é plena de significado bíblico. É o clímax de uma união física, mental e espiritual abençoada pelo Criador. Pois, este ato torna os dois “uma só carne”. Não há dicotomia entre o corpo e a alma. Não há separação entre tal unidade e santidade. Por isso, o apóstolo Paulo disse: “O matrimônio seja honrado por todos, e o leito conjugal, sem mancha…” – Hb 13:4. A palavra para “leito” aqui usada é “koite”, que significa “coabitar”. Portanto, sexo no casamento é considerado santo e a expressão maior de uma união conjugal. Se crermos assim e o considerarmos bom e santo, provavelmente, não haverá problemas em nos relacionar dessa forma no sábado.
Além disso, no pensamento hebraico o Sábado devia ser usado como um tempo para os cônjuges renovarem seus votos de fidelidade e íntima comunhão. O Dr. Samuele Bacchiochi em seu livro Divine Rest For Human Restlessness, p. 294 menciona uma prática judaica que nos ajuda a entender esta concepção: “Samuel M. Segal explica que ‘segundo a lei judaica, todo homem deveria ter relações maritais pelo menos uma vez por semana, preferivelmente na sexta-feira à noite. Desde que o Cântico dos Cânticos fala do amor entre homem e mulher, o homem precisa lê-lo ao entrar no Sábado para criar uma atmosfera de amor e afeição. E por essa razão, também, na sexta-feira à noite, durante a refeição, o homem recita o último capitulo de Provérbios no qual se enaltece a mulher virtuosa’ (The Sabbath Book, 1942 p. 17)”.
Conclusão
Não pretendemos dogmatizar, mas apresentar um ponto de vista com respaldo teológico e bíblico. Todavia, existem outros pontos de vista que devem ser respeitados. Vale lembrar que a Bíblia não é normativa quanto a esta questão. Ela apenas nos fornece elementos necessários para dizermos que a relação sexual no casamento, conforme Hb 13:4, não é pecado. E, que este ato não é somente fisiológico-hedonista, nem somente para procriação. Mas um procedimento que envolve três aspectos distintos, mas inseparáveis: físico, mental e espiritual; é uma unidade. Com base nisso pode-se fazer uma ligação entre o sábado e a manifestação maior do amor conjugal. Contudo, é importante ressaltar que algumas pessoas não se sentem à vontade para praticar este ato durante as horas sabáticas. Elas devem ser respeitadas. Afinal a semana tem outros seis dias. O que não se pode é declarar que sexo no sábado é pecado baseado em conceitos pessoais.
Bibliografia
1) Bachiocchi, Samuele. Divine Rest for Human Restlessnes,Edição do autor – Berrien Springs. Michigan 49-103, USA
2) Gardner, E. C.. Fé Bíblica e Ética Social – Juerp, RJ
3) Lahye, Tim e Berverly. O Ato Conjugal, Editora Betânia, Venda Nova – MG
4) Lawe, Frank e Stephan Olford – A Santidade do Sexo, Editora Fiel, São Paulo, SP
5) Francis Nichol, Ed, The Seventh-Day Adventist Bible Comentary, Vols. I e VIII
6) Charles Wittschiebe, God Invented Sex, Review and Herald Publishing Association, Nashville, Tennessee.
7) Kubo, Sakae. Theology Ethics of Sex, Review and Herald Publishing Association, Nashville, Tennessee – Washington – DC
Autor: Pr. Moisés Mattos
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